Em 1990 a Sega tentava ganhar terreno no mercado americano dos videogames caseiros com o Mega Drive, lançado nos Estados Unidos no ano anterior com o nome de Genesis e que não emplacava, enquanto a Nintendo que dominava o mercado com mão de ferro, nadava de braçada com o recém-lançado (no ocidente) Super Mario Bros. 3 para o NES.
Os ports de arcade da Sega eram bons, mas não o suficiente para alavancar o Genesis e Hideo Nakayama, presidente da Sega do Japão contratou Tom Kalinske como um ultimo recurso para tentar fazer a Sega se estabelecer na América. Kalinske tinha trabalhado na Mattel anos antes e foi responsável por fazer a Barbie renascer das cinzas e virar o que conhecemos hoje. E era exatamente disso que o Genesis precisava.
Kalinske disse a Nakayama que precisava de um símbolo, um mascote forte para criar uma relação com o público e fazer frente a Nintendo e seu Mario. Ele então ordenou que o time de desenvolvimento criasse um mascote que fosse tão icônico quanto Mickey Mouse para substituir Alex Kidd que tentava mas não colava, pois era muito similar ao Mario e sem o mesmo carisma. O time então criou uma engine com mecânicas baseadas em um personagem que fosse extremamente veloz, para destacar o poder de processamento do console. Depois de muitas idéias bizarras, Sonic The Hedgehog nascia pelas mãos de Naoto Ohshima, que teria criado o ouriço fazendo uma mistura de Gato Felix com o corpo do Mickey Mouse e os sapatos do Michael Jackson. A Sega da América teve que lapidar o personagem, pois na primeira versão ele trazia elementos que os japoneses acreditavam que agradariam o público americano, como uma namorada chamada Madonna por exemplo, entre outras estranhezas. A Sega do Japão não gostou nada das mudanças feitas no personagem mas como a palavra final era de Nakayama, deu certo.
Em 23 de junho de 1991 Sonic chegava ao mundo como o conhecemos, impulsionado por uma campanha publicitária extremamente agressiva promovida por Tom Kalinske e sua equipe. Sonic The Hedgehog tinha sido apresentado na CES (Consumer Electronics Show) – uma importante feira de eletrônicos que anos depois viria a se chamar E3 – em janeiro daquele ano e roubou a cena, sendo o jogo mais impactante apresentado no evento. Ainda antes do lançamento, a Sega promoveu uma turnê por vários shopping centers do país todo, aonde os jogadores podiam jogar e comparar Sonic e Mario lado a lado, e o Sonic ganhava de lavada, chegando a ter 80% da preferência.
Outra grande sacada foi estratégia de Tom Kalinske de substitruir Altered Beast por Sonic como pack-in game do Genesis, que apesar de a Sega do Japão não ter gostado nada, funcionou e resultou em 15 milhões de unidades vendidas do console. A empresa ainda se dispôs a enviar gratuitamente uma cópia do jogo por correio para os clientes que tivessem comprado o console com Altered Beast. Com tudo isso, Sonic The Hedgehog foi um sucesso absoluto e com o lançamento de Super Mario World junto com o Super NES 1 mês e meio depois, estabeleceu a Guerra dos Consoles da geração 16-bits e deu a Sega um lugar definitivo na história dos videogames.
Sonic The Hedgehog teve 3 sequências e mais alguns spinoffs lançados ainda no Mega Drive entre 1992 e 1996, uma franquia simultânea para o Master System e Game Gear e muitos outros jogos para os consoles das gerações que se seguiram, com exceção do Sega Saturn que devido a disputas internas na Sega, não viu um jogo novo do ouriço azul. Após a Sega abandonar o mercado de consoles em 2001 com o naufrágio do Dremcast, a franquia continuou a receber novos títulos – embora nem sempre bons – para consoles de outras marcas que antes eram suas concorrentes diretas, fato que para alguns fãs (como este que vos fala) ainda é um sacrilégio. Embora seja a forma de manter a franquia viva, ainda acho triste demais ver o Sonic sendo prostituído desta maneira e figurando ao lado de Mario como amiguinhos em jogos crossovers.
O Mega Drive e Eu
O ano de 1991 não marcou apenas o início da vida e da franquia de Sonic, marcou também o começo da minha história com os videogames. Eu tinha 6 anos quando a minha mãe que tinha ido ao Paraguai chegou em casa com uma caixa branca e quadriculada, que continha um brinquedo que eu nunca tinha visto e nem ouvido falar: um videogame. Mas não era qualquer videogame, tratava-se de um Mega Drive, o original japonês que vinha acompanhado de nada menos do que Sonic the Hedgehog. É verdade que me lembro quase nada desta época, com a exceção de ficar assistindo à minha irmã jogando a Green Hill Zone, mas de qualquer forma me marcou profundamente. Foi aí que comecei a jogar videogame e graças a esse momento mágico é que estou aqui hoje, escrevendo estes textos e fazendo vídeos. Algum tempo depois e para minha tristeza, o meu pai acabou vendendo esse Mega Drive, mas minha mãe me deu outro por volta de 1993, que desta vez vinha com Sonic 2, mas essa é uma história pra outro post.
Sonic The Hedgehog portanto tem um lugar MUITO especial no meu coração. Poucas coisas me trazem tantas emoções e lembranças quanto a música da Green Hill e poucas músicas de chefão conseguem ser tão impactantes e criar uma atmosfera tão densa quanto a deste jogo. Por isso convido você, que por ventura nunca tenha jogado, a conhecer essa obra prima de mecânica, level design e trilha sonora impecáveis. E convido a todos a acompanhar a minha jornada, no Gameplay Xingado: Sonic the Hedgehog, o primeiro vídeo que fiz pro youtube!
Em 1996 a Nintendo estava entrando de cabeça na 5a geração de consoles com o Nintendo 64, que vinha ao mundo com muito hype em . . .
Em novembro de 1995 chegava aos cinemas o filme Goldeneye 007, o primeiro da franquia depois de um hiato de 6 anos e com . . .